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O Sexo nas Gerações

Há uma série de artigos do Blog do Tarot que apontam uma tendência clara: o crescente desinteresse no sexo casual e a diminuição na quantidade de relações sexuais conforme as gerações se renovam.

Esse é um movimento surpreendente, uma vez que era esperado que entre os efeitos da Revolução Sexual das décadas de 1960 e 1970 estivesse a maior liberdade sexual. Essa expectativa não estava, de forma alguma, errada: o erro foi na definição do conceito – liberdade sexual nunca significou libertinagem.

 

Sexo e Juventude

Já trouxemos alguns dados em Tendências Sexuais sobre a diminuição da frequência sexual e aumento de períodos de total abstinência entre a sociedade em todas as suas faixas etárias, mas os números das camadas mais jovens impressionam.

Segundo dados registrados em pesquisa realizada pelo Instituo Karolinska (Suécia), entre a faixa de 18 a 24 anos, 30% dos homens e 20% das mulheres estão há 01 ano sem fazer sexo. Para gerações anteriores, a ideia de ficar um ano inteiro sem sexo seria, muito possivelmente, associada a promessas, desafios ou qualquer tipo de penitência, não uma situação que poderia ter acontecido naturalmente, pelo acaso da vida.

Segundo especialistas, a abstinência sexual, cada vez mais naturalizada entre os mais jovens, não tem a ver com uma busca ativa por castidade ou assexualidade, mas sim a simples ocorrência de apagões sexuais – um genuíno desinteresse, despreocupação em fazer ou não sexo.

Mas de onde vem esse sentimento?

A Conquista da Maturidade

Já explicamos a questão do Estilo de Vida da Geração Z, que é dita como “a que amadurece mais tarde”. A emancipação do núcleo familiar, seja em termos práticos, como sair da casa dos pais, ou emocionais, como assumir-se enquanto indivíduo e não parte integrante de uma família já concebida, está sendo postergada. Uma vez que o sexo é considerado, em termos de desenvolvimento da psíque humana, como a finalização do ciclo adolescente, com essa emancipação “tardia”, o sexo acaba, naturalmente, sendo jogado para frente no lapso temporal dos jovens.

Mas não é apenas o fato de morarem mais tempo com os pais e terem menos autonomia psíquica e emocional para sustentar relações, sejam afetivas ou emocionais, que faz com que os jovens não se importem tanto com a vida sexual, essa é também uma questão de interesse.

E para falar de interesse, falaremos, antes, de libido. A libido é geralmente associada ao desejo sexual, mas conforme a definição freudiana:

“Libido é a energia aproveitável para os instintos da vida. A energia que dirigimos aos objetos de nossos desejos.”

Nesse sentido, uma importante característica da Libido é a fácil mobilidade entre as diferentes áreas de interesse da vida. Trazendo para nosso vocabulário cotidiano, a ideia de libido para além do sexo é o tesão que temos em realizar nossos sonhos, desejos e pequenas conquistas do dia a dia.

Na relação das gerações mais jovens com a libido, o que tem sido percebido na sociedade é que a Geração Z tem direcionado sua libido para outras áreas que não o sexo, geralmente áreas que estão em voga na sociedade, como causas sociais, empreendedorismo e carreira, autoconhecimento, construção criativa de estilos de vida, etc.

O sexo, para eles, continua apelativo e interessante, mas tem sido colocado em segundo plano, um interesse que passa a chamar atenção depois que outras questões da vida já tem seu rumo melhor definido.

Sexo nas Relações Afetivas

Outro ponto de muita relevância nessa equação são as dinâmicas relacionais modernas. As novas formas de se relacionar influenciam também a forma como lidamos com o sexo. Relações Líquidas e Relacionamentos Virtuais tem ditado muito do que vivenciamos nos relacionamentos hoje em dia. Os vínculos, que antes eram fundamentalmente físicos antes de serem emocionais, tem absorvido características muito mais impessoais entre as camadas mais jovens da população.

O texto SexTech traz alguns exemplos que ilustram essa impessoalidade: o caso do jovem que manteve um relacionamento com um holograma, com cerimônia de casamento para 40 convidados; e dos bonecos infláveis que são criadas para a função de serem robôs sexuais, com características físicas escolhidas pelos clientes a seu próprio gosto.

Apesar de parecer surreal, essa é já uma realidade – bastante lucrativa – que vem chamando a atenção para a questão da distância nos relacionamentos. Atendo-nos aos relacionamentos interpessoais, vemos que a construção de intimidade vem sendo trilhada em caminhos bastante diferentes dos relacionamentos de algumas décadas atrás e isso pode estar impactando, também, na vida sexual dos casais.

Atualmente, considerável número de relacionamentos se iniciam com interações virtuais – mesmo que as pessoas se conheçam em situações presenciais, as conversas subsequentes costumam se dar através de mensagens em redes sociais ou grupos de amigos em comum. O digital se torna a base dos relacionamentos, onde as relações começam a construir intimidade, com contatos mais diretos, conversas mais profundas, duradouras, troca de fotos e afins. Os encontros se tornam pontuais, mas a interação se mantém constante através das redes.

A partir daí, formam-se dois tipos de intimidade: a psíquica, exatamente essa que estamos relatando, que envolve conhecer os pensamentos, padrões emocionais, histórias de vida da pessoa; e a física, que envolve o acosturmar-se com a presença do outro, seu gestual, suas características físicas, como tom de voz, cheiro, olhar..

Aí já dá pra entender quais os desafios para o sexo surgem nesse novo formato de relação, não é? Mesmo que sejamos, atualmente, capazes de conhecer novas pessoas e criar laços verdadeiros e profundos com elas, estamos cada vez menos acostumados a conviver presencialmente uns com os outros, gerando dificuldades na proposição de intimidade física, essencial para que o sexo seja uma experiência confortável, segura e prazerosa.

Ou seja, podemos até nos sentir confortáveis, à vontade e envolvidos em nossas relações, mas isso não significa, necessariamente, que também ficaremos à vontade para relações mais íntimas em termos de sexualidade. A intimidade física precisa, ainda, ser construída e esse processo acontece, justamente, em um segundo momento.

Sexo Virtual

Outra tendência que simboliza esse movimento é a febre dos nudes, mais forte na década passada, mas ainda muito presente entre os jovens, ainda que de maneiras mais elaboradas. Uma pesquisa encomendada a pedido da empresa responsável por alguns dos mais relevantes aplicativos de encontros indicou que metade dos jovens entre 18 e 22 anos já trocou nudes na internet.

Pode parecer pouco, mas, enquanto os mais velhos, que tem uma grande experiência sexual ainda tratam os nudes com uma série de cuidados e inseguranças, metade dos jovens que iniciaram sua vida sexual recentemente (ou ainda nem iniciaram) já ficam completamente confortáveis com essa prática. É uma mudança significativa de comportamento.

O sexo virtual, que antigamente era uma solução interessante para casais que enfrentavam a distância no relacionamento, hoje é visto quase como um tipo consolidado de sexo, útil para quebrar a rotina ou até mesmo para iniciar as interações sexuais entre os jovens casais. Esse vem sendo um caminho fácil e seguro para driblar justamente as barreiras geradas pelas mudanças de estilo de vida dos jovens e a emancipação tardia. Já que não há um ambiente seguro e confortável para o sexo, os horários dentro e fora de casa são controlados ou supervisionados pelos pais e há pouca liberdade para criar intimidade entre o casal, o sexting se torna uma brincadeira útil e divertida.

Apesar dos benefícios, o sexo virtual é uma prática bastante individual e solitária, quando comparado ao sexo “tradicional”, trazendo uma forte impessoalidade, principalmente quando praticada no início da vida sexual. O resultado é justamente o tema desse texto: descobrir o sexo de um lugar impessoal, frio e distante como o ambiente virtual retira a paixão ardente e urgente, característica das gerações anteriores, que aproveitavam a maior liberdade para viver a sexualidade de forma intensa e profunda.

Os jovens, nascidos e crescidos nesse contexto, percebem o sexo com mais tranquilidade, menos afobação, iniciando a atividade sexual regular já em uma fase mais estável da vida, muitas vezes já associado a relacionamentos mais estáveis e duradouros, tendendo a ter menos parceires ao longo da vida e aumentar a frequência da atividade sexual mais tarde, justamente o movimento oposto das gerações anteriores, ainda imersas no ideário de sexo como prática libertária da Revolução Sexual, que tinham muitos parceiros e experiências sexuais na juventude e tendiam a aceitar relacionamentos estáveis e monogâmicos só na fase mais madura da vida, diminuindo a atividade sexual com o passar dos anos e focando, so então, na qualidade do sexo invés da quantidade.

E você? A quala das gerações pertence? Essa análise faz sentido pra você?

Compartilhe suas percepções conosco! Como você vê o sexo? É sobre quantidade ou qualidade? Com intimidade ou casualidade?

Lembrando que as suítes do tarot estão disponíveis seja qual for sua modalidade preferida!

 

Foto de suíte de motel

 

Imagem Destacada por Eliott Reyna via Unsplash
 

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