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Você sabe qual é a definição de pornografia? Do dicionário:

   1. característica do que fere o pudor (numa publicação, num filme etc.); obscenidade, indecência, licenciosidade;

   2. material contendo descrição ou exibição explícita de órgãos ou atividades sexuais, com o objetivo de estimular a excitação sexual.

Pelo próprio significado, podemos perceber como a imagem de órgãos sexuais ou o próprio ato sexual estão fortemente ligados a interpretações pejorativas e socialmente condenáveis. Não à toa, a indústria pornográfica que temos hoje em todo o mundo traz um ideário bastante distorcido e distante de uma sexualidade considerada saudável.

As críticas em relação à produção pornográfica são muitas e variadas, mas isso não faz com que o consumo desse conteúdo diminua ou com que seja estimulada uma revisão na pauta produtiva do setor, tornando-a mais saudável e acessível à população.

Essa é mais uma das consequências dos Tabus da Sexualidade que temos na sociedade – a forte demanda e alcance da indústria pornográfica é um fato, assim como o desalinho de sua produção com o que a sociedade tem como adequado e saudável dentro do universo sexual. Por que, então, não tratamos do assunto e buscamos melhorias nesse cenário?

Pornografia – Um Tabu Histórico

Segundo pesquisa divulgada pelo canal Sexy Hot, 22 milhões de brasileiros assumem consumir conteúdos pornográficos (some a esse número os muitos que consomem e não assumem), a grande maioria deles são homens (76%), jovens (58% dos consumidores assumidos têm até 35 anos), de classe média alta (quase metade se enquadram na classe B), com ensino superior (40%) e, pasmem ou não, mais de 2/3 das pessoas que assumem o consumo de pornografia estão vivendo relacionamentos sérios, sejam já casados ou namorando.

Os dados captados pela pesquisa retratam a realidade de 2016/2017 e foram extraídos de questionários feitos virtual e presencialmente com consumidores dos canais gerenciados pelo Sexy Hot e também aplicados por profissionais do sexo com sua clientela, então trazem informações bem próximas da realidade e podem ser usados como base para termos uma ideia desse público: um perfil inusitado, não é mesmo?! Essas características poderiam indicar pessoas com habilidades sociais e relacionais bem desenvolvidas e potencial para conquistar vínculos afetivo-sexuais na vida que satisfizesse completamente sua sexualidade.

Por que, então, esse grupo recorre à pornografia?

Alguns dos objetivos citados pelos respondentes da pesquisa foram:

• ampliar o repertório sexual para explorar o conhecimento adquirido entre quatro paredes;
• ter insumos para falar sobre sexo com os amigos, demonstrando conhecimento e experiência no assunto;
• inspiração para sair da rotina;
• e, claro, a masturbação e preliminares também estiveram entre as respostas.

Em resumo, respostas que indicam que as pessoas vêem na pornografia uma forma de estimular a criatividade para abordar e conhecer melhor o sexo. O que é bastante natural, as pessoas têm desejos, curiosidades e interesses sobre suas própria sexualidade e buscam por formas de diversificar as experiências sexuais.

Outro ponto importante levantado pelos resultados da pesquisa são a forte demanda por pornografia na qual o telespectador possa se identificar – pessoas, cenas e ambientes que façam sentido dentro da sua realidade e que representam uma cena que poderia facilmente ser protagonizada por quem assiste.

Falando de Sexo

Ao mesmo tempo em que se percebe essa demanda, sabe-se também que os conteúdos da indústria pornográfica estão longe de ser uma fonte de informação segura e confiável, que proporcionará uma vida sexual saudável, prazerosa e equilibrada.

Muito das produções ainda gira em torno de um sexo quase impraticável, estimulando comportamentos e expectativas bastante indesejados e fora dos padrões, o que pode gerar consequências perigosas para os consumidores do estilo.

Além disso, o óbvio também é importante: por melhor que fossem os conteúdos da indústria da pornografia mundial, ela não deveria em nenhuma hipótese ser a fonte que as pessoas procuram quando desejam aprender, aumentar o repertório e estimular a energia seuxal. Isso acontece muito em virtude da precariedade de fontes que tratem a sexualidade como algo positivo, saudável e com responsabilidade sem perder o potencial de entretenimento e diversão.

Já passou da hora de falarmos sobre sexo e todas as temáticas intrínsecas a ele. Não se pode mais negar que as pessoas fazem sexo das mais variadas formas e nas mais variadas idades. É preciso, então, oferecermos às pessoas (e a nós mesmos) informação, orientação, apoio e incentivo para que todos possam viver sua sexualidade de forma plena e segura. O pudor quanto à sexualidade só nos faz transar menos, transar pior e ficarmos expostos a muito mais riscos!

É preciso naturalizar o assunto sexo!

Conta pra gente: com quanta naturalidade você fala de sexo com seu parceire, sua roda de amigos e com sua família?!

Imagem Destacada por We-Vibe WOW Tech via Unsplash