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Pessoas Assexuais

Como um bom blog de motel, muito falamos por aqui sobre sexo e todo o universo sexual de maneira a ajudar você a entender melhor sua sexualidade e ter uma vida sexual mais feliz, leve e prazerosa. Falamos muito também sobre a diversidade e como o sexo é percebido e sentido por cada pessoa à sua própria maneira, não existindo regras ou padrões comportamentais universais e como é justamente essa diversidade que torna cada experiência sexual única!

Já abordamos ainda casos e situações que nos acontecem na vida cotidiana que afetam a nossa libido e nossa relação com o sexo, como distúrbios, uso de medicamentos e substâncias, rotina, crenças, enfim.

Mas até hoje não falamos sobre quando o sexo não está presente! Sim, esse é o caso das pessoas assexuadas. Já ouviu falar nelas?

 

Assexualidade

A assexualidade é a condição em que há a ausência do interesse em sexo. Pesquisas realizadas ao longo do último século indicam que essa é a condição de cerca de 1% da população mundial. Pesquisas mais recentes do ProSex-IPq (Programa de Estudos da Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) chegaram a percentuais mais altos: 2,5% dos homens e 7,7% das mulheres entre 18 e 80 anos não têm nenhum interesse manifesto em relações sexuais.

Diferente dos casos já abordados por aqui como Anorgasmia, Dispaneuria e Disfunções Sexuais em geral, a Assexualidade não é considerada um distúrbio ou doença, pois a ausência do interesse sexual não causa nenhum tipo de desconforto ou mal estar para a pessoa, que vive sua vida normalmente, inclusive mantendo relações afetivas como qualquer pessoa – é claro que terá mais dificuldades para encontrar um(a) parceiro(a) que também fique confortável em não ter relações, mas pessoas assexuadas têm afetividade completamente normal.

E como? Especialistas explicam que, apesar da ausência do interesse sexual, a libido está presente – todos temos libido – porém, nas pessoas assexuadas, a libido é canalizada para outras áreas da vida, que não o sexo, seja trabalho, estudo, desenvolvimento pessoal ou qualquer outra área de interesse da pessoa.

 

Assexualidade e Vida Social

Como dissemos acima, a assexualidade não acarreta nenhuma dor, desconforto ou desequilíbrio do ponto de vista da saúde nem é causada por transtornos de origem psicológica. Apesar disso, muitas pessoas assexuadas recorrem a ajuda terapêutica para entender o que está acontecendo.

Segundo relatos, a maior dificuldade que pessoas assexuadas enfrentam ao longo da vida é a imposição social ao sexo que a sociedade exerce sobre nós. Muitos sofrem bastante preconceito e rejeição dos seus círculos sociais, já que o desinteresse por sexo é percebido com muita estranheza pelas pessoas e algumas chegam até a se forçar à prática sexual mesmo sem vontade apenas para tentar se adequar à suposta normalidade, o que invariavelmente gera situações desagradáveis e até traumáticas para os envolvidos.

O debate sobre a assexualidade está crescendo no Brasil e no mundo, mas ainda é um tema bastante controverso e polêmico. A Assexualidade não é vista com naturalidade e pessoas assexuais acabam sofrendo preconceitos, sendo alvo de brincadeiras de amigos e familiares e tendo problemas nos relacionamentos justamente porque eles próprios e seus pares não sabem exatamente o que causa o desconforto com o contato sexual.

Uma das maiores referências na área hoje é ainda a AVEN – Asexual Visibility and Education Network, entidade norte-americana destinada a disseminar informações sobre a assexualidade e a lutar pelos direitos das pessoas assexuais nos Estados Unidos. No Brasil existem também alguns coletivos e grupos de debate sobre a assexualidade, mas ainda em proporções bastante diminutas.

 

Classificações da Assexualidade

Em tom informal, os grupos atuantes sobre o tema criaram uma série de classificações para catagorizar diferentes graus dentro do espectro assexual. Há também uma bandeira para representar os diferentes grupos, no estilo da bandeira do movimento LGBT, hoje já chamado de LGBTQIA+. As cores escolhidas para a bandeira da assexualidade simbolizam 4 diferentes classificações:

  • Preto: completa assexualidade
  • Cinza: assexuais que mantém algum tipo de relação sexual
  • Branco: alossexuais – pessoas sexuais, fora do espectro da assexualidade
  • Roxo: toda a comunidade sexual

Se você estranhou a representação de pessoas com sexualidade ativa, a ideia é justamente propagar a inclusão e a liberdade de ser quem é sem que isso imponha uma distância entre os grupos.

A bandeira, suas cores e significados foram propostas pela AVEN, assim como as mais de 20 classificações já existentes para diferenciar todos os estágios de interesse e atração dentro do espectro da sexualidade. Isso significa que a assexualidade pode se manifestar em diversas maneiras, como sentir atração sexual apenas em relações extremamente estáveis e duradouras ou apenas em contextos específicos. Há ainda pessoas que são consideradas ‘fluídas’ e experimentam diferentes graus de interesse sexual de acordo com diferentes momentos da vida.

O grande ponto ao se falar em assexualidade é mostrar às pessoas que não viver sob o comportamento sexual padrão de seu círculo social, da sua região e da sua época é uma condição perfeitamente normal e aceitável e não deve ser motivo de preocupação ou frustração.

E essa é justamente a importância que tanto trazemos aqui de conhecer a sua própria sexualidade. Entender quais são os seus gatilhos e interesses sexuais garante que você tenha uma vida mais saudável e feliz, sem pressões e imposições que geram muito desconforto e afetam a nossa saúde mental!

Esse é mais um convite do Motel Tarot para você experimentar a sua sexualidade sem nenhum peso e com muito prazer!

 

Imagem Destacada via INPA – Instituto de Psicologia Avançada

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