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Fetiche e Saúde

Fetiches sempre foram um dos temas de maior polêmica no universo sexual. É só falar em fetiche pra gerar aquele clima na roda de amigos, uma mistura de interesse, vergonha e te(n)são no ar. Uma tríade de sentimentos que muito explica o ideário que os fetiches têm na sociedade contemporânea – um dilema entre atração e repulsa.

Ora, sabemos que todo mundo tem um fetiche pra chamar de seu, por mais escondido e repreendido que ele esteja. Aquele imaginário específico que sempre reaparece na sua imaginação e faz você sentir uma vontade mais intensa que o comum é um sentimento completamente normal e saudável dentro da sexualidade humana, mas, pelos muitos tabus em cima do tema, os fetiches seguem sendo alvo de repreensão e pudor.

Vejamos em que situações os fetiches podem realmente causar algum tipo de preocupação e exigir restrições para que você possa curtir os seus com saúde e segurança!

 

O que são Fetiches?

A origem da palavra Fetiche está relacionada à palavra feitiço e remetia aos amuletos usados por feiticeiras para afastar mau-olhado e outras simbologias usadas em cultos. Diz a história que essa associação é derivada do latim facticius, que significa destino, por ter sido usada pelos portugueses para se referir aos objetos usados pelos africanos em seus cultos durante a colonização europeia na África.

Ou seja, uma palavra usada para tratar de assuntos e contextos sobre os quais os portugueses não conheciam e muito pouco entendiam. Muito próximo de como são tratados os fetiches até hoje. Já sociólogos e antropólogos, esses sim explanando sobre o assunto após muito estudo e pesquisa, definem o fetiche como uma transferência de afetividade para objetos ou conjunto de ações e objetos de maneira extremamente simbólica, conferindo ao símbolo um poder e efeitos muito maiores do que a sua realidade os propunha.

Definição essa também muito próxima ao conceito atual de fetiche – um potencial de atração e tesão além do esperado e maior do que para pessoas que não alimentam aquele fetiche, geralmente sem causa racional ou explicativa.

Em decorrência histórica, até hoje os fetiches estão fortemente relacionados a objetos. Tecnicamente, Fetiche é a atração sexual por um objeto inanimado ou parte específica do corpo. O indivíduo fetichista precisa interagir com o objeto de seu fetiche para ter excitação e prazer sexual. Na interpretação da psicologia, o objeto-alvo do fetichista funciona como um intermediário no processo de desejo sexual.

Na prática, generalizamos os fetiches como qualquer atração, fantasia ou desejo inusitado e não cotidiano no sexo, como estilo de roupa, corte ou penteado de cabelo ou o uso de algum acessório específico que incite o desejo e a atração sexual, mas a verdade é que essa gama mais ampla de fatores que desencadeiam o desejo está relacionado a simples fantasias e preferências sexuais, os fetiches propriamente ditos estão um pouco além desse espectro e podem desencadear quadros relacionados à saúde mental.

Os fetiches se enquadram na lista de Parafilias, classe psicológica que define padrões de comportamento sexual cuja fonte de prazer não está no ato sexual em si, mas em outra atividade ou objeto. As parafilias comportam diferentes graus de profundidade, indo de inofensivas, distorções até anormalidades.

Então como identificar quando o fetiche configura um quadro além da normalidade e saúde?

Sinais de Patologia

Para caracterizar um transtorno parafílico é necessário que o comportamento ou impulsos resultem em sofrimento e/ou prejuízo funcional e perdurem por pelo menos 6 meses.

E o que caracteriza o sofrimento? Fetiches podem substituir a atividade sexual em si – o indivíduo prefere ou se satisfaz sexualmente com o objeto de fetiche – ou integrar tal fetiche à prática sexual com seu(s) parceire(s). Assim, um dos principais indícios é quando a pessoa não consegue sentir prazer sem a presença do objeto de seu fetiche – causando sofrimento e prejuízos à vida sexual daquele pessoa e/ou ao seu(s) relacionamento(s).

Quando se inicia o processo de anormalidade de um fetiche, o objeto idealizado passa a ser a única fonte de prazer e desejo para a pessoa, anulando outros estímulos e situações e tornando-se uma obsessão.

Com um único foco para investir sua energia sexual, o indivíduo acabará minimizando suas oportunidades de satisfação, criando uma fissura. Conforme o caso se desenvolve e se intensifica, essa fissura pode implicar em comportamentos obsessivos que acabam colocando o fetichista em uma situação arriscada para a plenitude de sua saúde mental.

Na busca por satisfazer sua necessidade, o indivíduo fetichista pode acabar tentando forçar situações em que o objeto de seu fetiche aconteça, inclusive aproveitando-se de situações do cotidiano para obter seu prazer sexual mesmo sem o ambiente propício para a prática sexual e/ou até sem o consentimento ou mesmo a proposição do ato para a outra pessoa, uma situação extrema com um ato que configura crime.

Fetiches e Saúde

Válido ressaltar que homens costumam ser mais acometidos por fetiches patológicos que mulheres, com proporções chegando a 1 mulher para cada 20 homens com a patologia, segundo informações do psiquiatra Giancarlo Spizzirri, do ProSex (USP). Há também uma tendência de que o descontrole sobre suas fantasias e fetiches seja mais comum em pessoas tímidas, introspectivas e com dificuldades de se relacionar, sendo um grupo de atenção.

Se a relação entre introspecção e limites e/ou privações relacionais está relacionada ao aumento na tendência a desenvolver quadros não saudáveis de sexualidade, ainda não se pode afirmar, mas sabemos como a desatenção e o descaso com nossa saúde mental, social e sexual tem efeitos desconfortáveis e dolorosos para nossa qualidade de vida.

Para quadros de fetichismo confirmados, o tratamento costuma envolver psicoterapia e até mesmo remédios. Para evitar essa necessidade, o indicado é o mesmo de sempre: observação, atenção e vazão aos desejos.

Sexualidade é muito mais do que prazer! Sexualidade é saúde, bem-estar e qualidade de vida. Preste atenção ao seu corpo, à sua mente e ao sinais que eles te dão.

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Texto originalmente postado em 26/03/2020 e atualizado em 09/09/2021.

Imagem Destacada por Espressolia via Pixabay

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