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Os Grandes Tabus do Sexo

Tabus são sempre motivo de polêmica, quando envolvem sexo então, o burburinho e a tensão se instauram automaticamente!

Já comentamos como os tabus sexuais afetam nossa relação com o sexo, minando o prazer e podendo até engatilhar distúrbios sérios.

Para evitar que os tabus prejudiquem nossa sexualidade e qualidade de vida precisamos falar sobre eles. Por isso, traremos aqui alguns dos maiores tabus do sexo para levantar o debate e trazer algumas novas perspectivas para que possamos juntos liberar crenças ultrapassadas e sem sentido!

 

Os Maiores Tabus do Sexo

Quando se fala em Tabu Sexual, qual a primeira coisa que vem à sua cabeça?! Difícil escolher uma só não, é? Afinal, o próprio sexo ainda é um tabu para muitas pessoas. Há uma infinidade de crenças que o taxam de errado, sujo, pecado, vulgar, imoral.. vejamos algumas delas.

 

Sexo Por Prazer

Boa parte dessas crenças é originada por pura desinformação. O sexo é um ato natural, instintivo e o prazer que sentimos ao praticá-lo é uma condição decorrente da evolução das espécies. O cérebro usa o prazer como recompensa para que atos necessários para a sobrevivência e/ou fundamentais para a saúde sejam mais proveitosos e interessantes, aumentando as chances de que sejam realmente praticados.

E ao dizer espécies, a intenção é realmente chamar atenção para esse fato: o mito do sexo por prazer já caiu por terra há algum tempo! Já é consenso na academia que os seres humanos não são os únicos a fazer sexo para sentir prazer. A vontade sexual, apartada do interesse na procriação, é percebida em várias espécies diferentes, principalmente nos mamíferos, mas há indícios também em muitas espécies de vertebrados em geral.

Ao contrário do que os preceitos religiosos alardearam à sociedade por tantos séculos, a própria separação entre ‘sexo para reprodução’ e ‘sexo por prazer’ parece não fazer sentido do ponto de vista biológico. A sensação de prazer é um mecanismo amplamente utilizado pelo cérebro (humano e animal) para estimular práticas diversas entre as espécies – alimentação, prática de exercícios físicos, interação e socialização, qualidade do sono, descanso, senso de comunidade entre os indivíduos para proteção e muitos outros exemplos.

Ou seja, o prazer é intrínseco a muitas atividades assim como o seu objetivo originário. Podemos comer por prazer ou para nos alimentarmos, mas também podemos comer para nos alimentarmos ao mesmo tempo em que sentimos prazer em comer. Um não exclui obrigatoriamente o outro. O mesmo acontece com o prazer no sexo.

Alguns exemplos de espécies que praticam sexo com regularidade são os bonobos e os golfinhos. São espécies que fazem sexo mesmo fora da época de fertilidade e também mantêm relações sexuais de machos com machos e fêmeas com fêmeas com frequência, além de apresentarem casos até mesmo de masturbação. Isso mesmo, contatos e brincadeiras despretensiosas apenas por diversão! Se você encara com estranheza a masturbação animal, saiba que há hipóteses em estudo sobre a estimulação sexual sem intenção de coito também em gatos e cachorros!

Algumas das explicações para o sexo casual entre tais espécies é a diminuição da agressividade e tensão entre os grupos – as espécies que têm o sexo recreativo em seu cotidiano se mostram mais pacíficas e tranquilas que espécies similares com menor incidência sexual por prazer.

O exemplo clássico é a comparação entre bonobos e chimpanzés. Ambas as espécies têm comportamento e genética muito parecidas, mas os primeiros, que praticam sexo casual por prazer, são muito mais tranquilos e pacíficos que os segundos, que não o praticam.

Para além da análise científica, essa explicação é muito facilmente compreendida por nós, humanos, não é mesmo? Quem aí fica tranquilo tranquilo quando a vida sexual está em dia?!

A presença do prazer e da diversão no sexo é considerado um ganho evolutivo para diversas espécies e não há porque coibi-la! A excessiva racionalização e moralização de um ato que se prova positivo e saudável é desnecessária e prejudicial. Sexo não é errado, não é imoral nem vulgar, basta que saibamos encará-lo com naturalidade e praticá-lo com respeito a si mesmo e ao parceire!

 

Homossexualidade

Um dos temas mais polêmicos sobre sexualidade humana: a homossexualidade. Tida por muitos como desvio, rebeldia, moda, etc., a homossexualidade vem mantendo presença marcante e cada vez menos camuflada em diferentes sociedades, épocas e até mesmo espécies. Sim, novamente, assim como o prazer no sexo, o sexo entre indivíduos do mesmo gênero acontece com frequência em muitas espécies além da humana.

Assim como os bonobos e golfinhos citados acima, diversas outras espécies mantêm a atividade sexual entre indivíduos do mesmo gênero. Ao todo, elas somam mais de 1.500 diferentes espécies. Isso mesmo, 1.500! Entre elas estão girafas, leões, bisões, albatrozes, cisnes, morsas, ovelhas, patos selvagens, baleias, abutres… os casos são muitos.

Em algumas delas, o sexo homossexual inclusive prevalece sobre o heterossexual, como no caso das girafas (90% das relações sexuais são entre indivíduos de mesmo gênero) e bisões (mais de 50% das relações sexuais entre bisões jovens acontece entre o mesmo sexo). Os cisnes também apresentam um comportamento homossexual interessante, já que são animais predominantemente monogâmicos e permanecem a vida toda com o mesmo parceiro, sendo que 20% dos casais de cisnes são homossexuais que adotam ovos abandonados, formando uma família de cisnes.

Na história humana a homossexualidade está presente em todas as épocas históricas. Registros apontam que a incidência de relações homossexuais entre humanos ocorre há, no mínimo, 10 mil anos.

Para os que ainda acreditam que seja pura libertinagem e vontade de chamar atenção, há variados experimentos científicos objetivados a apontar padrões de sexualidade que indicam a normalidade no interesse sexual entre indivíduos do mesmo sexo. Um deles foi realizado por pesquisadores da Universidade de Northwestern (EUA) avaliando clinicamente a resposta sexual sob a Escala Kinsey.

A resposta sexual foi medida conforme a excitação genital das pessoas ao receberem estímulos eróticos de pessoas de diferentes gêneros, independente do que ela assumia sentir ou não. Os números deixaram claro que há considerável proporção de indivíduos exclusivamente heterossexuais (0 na Escala Kinsey), exclusivamente homossexuais (6 na Escala Kinsey) e também de bissexuais (3 na Escala Kinsey).

Ou seja, a atração física e sexual vai muito além do gênero. Seres humanos sentem atração por pessoas, não respeitando, física e mentalmente, regras e padrões predeterminados. Recebemos estímulos sexuais e respondemos ou não a eles. Simplesmente. Algumas pessoas apresentam preferências, ou seja, tendem a ter uma resposta sexual mais ou menos intensa com determinados grupos, mas esse fato está longe da dicotomia homem-mulher.

 

Sexo é Coisa de Homem!

Esse é um dos tabus mais antigos ao mesmo tempo em que é o que traça seu caminho para o esquecimento também com maior velocidade. A exclusividade masculina quanto ao gosto por sexo já não faz sentido para a larga maioria da população mundial. Já é sabido que essa foi uma construção cultural que objetivava manter as mulheres submissas e sob controle.

Não há nem nunca houve qualquer indício científico que aponte que a apatia em relação ao sexo – que pode sim existir, como vimos em Pessoas Assexuais – tenha qualquer relação com o gênero da pessoa. O desinteresse por sexo é uma condição individual e, muitas vezes, ocasionada por traumas, estilo de vida e preferências pessoais, não por determinação biológica.

Em regra, toda pessoa adulta e saudável tem interesse, desejo e atração sexual, sendo plenamente capaz (e merecedora) de aproveitar o prazer no sexo!

 

Os Efeitos dos Tabus

Tabu é uma proibição, uma trava sobre algum assunto. Os tabus dificultam a compreensão e o desfrute de determinada questão, seja por cunho religioso, moral ou cultural. É uma dificuldade imposta coletivamente sobre um assunto que carrega algum tipo de risco, ameaça ou dificuldade de compreensão.

Os tabus, sejam eles sexuais ou de qualquer âmbito da vida, sempre trazem consigo desafios e travas para quem os experiencia. Barram a informação de chegar às pessoas de maneira clara e com leveza, dificultando processos muitas vezes naturais e saudáveis na vida de qualquer pessoa.

As questões abordadas nesse texto são apenas alguns exemplos de temas polêmicos do universo sexual, que é imerso em tabus dos mais variados tipos e gravidades.

Algum desses tabus já afetou a sua vida e a sua relação com o sexo?

 

Imagem Destacada por Tomas Sobek via Unsplash

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