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O mito dos feromônios

Por aqui, basta ouvirmos a palavra Feromônio que pensamos automaticamente em sexo. Com vocês também é assim?!

Feromônios sempre chamaram a atenção das pessoas e ganharam um forte estigma de poderio sexual, como se o feromônio fosse uma substância mágica que induz uma atração sexual irresistível entre os indivíduos.

Não à toa, eles são largamente utilizados pelas indústrias farmacêutica e de beleza para atrair um público interessado em intensificar a sua sensualidade e poder de atração – a imensidão de opções de perfumes, óleos e cremes que fazem alusão aos feromônios e prometem atrair paixões ardentes é mesmo impressionante.

Mas isso é realmente possível? O que são, de fato, feromônios?

 

O que são feromônios?

Na vida real, os feromônios vão muito além da função sexual e desempenham um importante papel não só para o ser humano, mas também para diferentes espécies de mamíferos e insetos, colaborando com a convivência entre indivíduos, sua sobrevivência, alimentação e reprodução e podem influenciar até mesmo a interação entre espécies distintas.

O termo ‘feromônio’ foi criado pelos cientistas Martin Lüscher e Peter Karlson com base nas palavras gregas pheren (transmitir) e hormon (excitar), indicando sua função principal: a transmissão de sinais para gerar excitação. Essa excitação pode ser em áreas variadas, como defesa, cooperação, ataque e, claro, copulação.

Teoricamente falando, feromônios são substâncias químicas aerossois inodoras e invisíveis secretadas com o intuito de estimular alguma resposta fisiológica ou comportamental nos indivíduos presentes no ambiente. Em termos gerais, é uma forma de comunicação, mas invés de utilizar a fala ou gestos, como estamos acostumados, ela se dá através de estímulos químicos lançados no ar.

É como se um indivíduo enviasse uma mensagem aos demais pedindo ajuda, chamando a sua atenção para algum perigo, indicando a localização de uma fonte de água e alimentos ou até mesmo o atraindo para o sexo. Há uma ampla gama de áreas nas quais os feromônios são utilizados no reino animal.

Vejamos alguns dos principais feromônios existentes e suas funções:

  • Feromônios de Alarme: secretados como forma de alerta frente a um possível ataque de predador
  • Feromônios de Trilha e Ovoposição: secretados para indicar o caminho até uma fonte de alimentos ou local para depósito dos ovos
  • Feromônios de Ataque: secretados para mobilizar a cooperação do grupo para um ataque
  • Feromônios de Agregação: secretados para atrair outros indivíduos para um local de interesse comum, como uma fontes de alimento ou abrigo seguro
  • Feromônios Sexuais: secretados para despertar a atração sexual

Essas funções funcionam tanto intra-espécies como inter-espécies, ou seja, os feromônios são usados pelos indivíduos para se comunicar com seus pares e também entre uma espécie e outra. Por exemplo, as coelhas secretam feromônios em seu leite para induzir a amamentação de sua prole, as formigas produzem feromônios para demarcar o território e indicar aos demais indivíduos o caminho do formigueiro até uma fonte de alimento.

Já o uso entre espécies pode ser ilustrado com a agricultura humana que se baseia no funcionamento dos feromônios para proteger as plantações de infestações de outras espécies, principalmente de insetos, atraindo ou dispersando as espécies através de estímulos químicos, biológicos ou até mesmo físicos, minimizando a competição pelos insumos e evitando o contato com os humanos, dado que eles são vetores de transmissão para várias doenças com potenciais epidemiológicos na espécie humana.

 

Feromônios Humanos

Até pouco tempo, os feromônios humanos eram ainda dúvida no meio acadêmico. Hoje, a secreção e função dos feromônios pelo ser humano já é um consenso. Apesar de a fama recair apenas para os feromônios com efeito sexual, os feromônios mais conhecidos até agora são os relacionados ao ciclo menstrual feminino e a relação entre mães e seus bebês. Algumas das principais funções dos feromônios nesse sentido são a sincronização do ciclo menstrual de mulheres que convivem no mesmo ambiente, reconhecimento da prole através do olfato (entendeu agora por que o cheirinho do bebê é tão único?!) e a preferência dos bebês pelo mamilo da sua própria mãe a qualquer outra fonte de leite humano.

Sabe-se também que há uma série de partes do corpo e fluidos corporais com a presença de feromônios, como suor e urina – o que pode ajudar a explicar alguns fetiches que parecem tão estranhos à primeira vista, mas exercem um apelo tão forte em alguns indivíduos.

A pele também é uma fonte de secreção de feromônios, tornando mais compreensível a sensação que temos ao sentir o cheiro da pessoa amada ou aquela atração intensa que sentimos na presença de algumas pessoas, mesmo que elas não se encaixem ao perfil que geralmente gostamos.

E tudo isso é possível pela existência do órgão vomeronasal, uma estrutura auxiliar do olfato localizada entre o nariz e a boca capaz de detectar os feromônios, dinstingui-los e conectá-los com o sistema sensorial e sistema nervoso central, gerando as respostas físicas. Essa estrutura está presente em diversas espécies, tanto domésticas quanto selvagens, e, recentemente foi identificada também em seres humanos, comprovando, em teoria, a capacidade humana de responder aos feromônios.

 

Feromônios e Atração Sexual

Apesar de os feromônios terem ganho fama – e mercado – no universo sexual, não há uma definição técnica quanto à ação dos feromônios humanos no comportamento e tendência sexual das pessoas. Isso porque, mesmo com os muitos avanços que acontecem a cada dia através de pesquisas científicas, especialistas concordam que a sexualidade humana é um campo muito amplo e complexo, envolvendo uma gama de fatores e variáveis – questões sociais, psicológicas, situacionais, educacionais, religiosas, etc.

Ou seja, por mais que os feromônios existam (o que é um fato) e que os seres humanos sejam realmente capazes de detectá-los e interpretá-los (o que é muito provável), ainda não é possível afirmar que eles sejam determinantes para a resposta sexual humana, uma vez que ela está imersa em diversos fatores condicionais, como educação, relação com o sexo, autoestima, experiências sexuais prévias e diversas questões relacionais entre os indivíduos.

Por isso o estudo e as conclusões acerca da ação e influência dos feromônios no comportamento sexual humano é bastante complexo e seus resultados são ainda incertos.

O que sabemos com toda a certeza é que podemos sim utilizar cheiros e sensações diversas para estimular o tesão e a libido do parceire desejado. O primeiro passo é, sem nenhuma dúvida, manter a Higiene Íntima adequada e em dia! Depois, podemos deixar tudo muito mais atraente usando algumas técnicas simples, mas poderosas como a Aromaterapia. Há ainda outras dicas compiladas no artigo O Poder do Olfato no Sexo, não deixe de conferir para ter uma experiência sexual ainda mais poderosa!

 

O Mito dos Feromônios

Mesmo com todos os estudos, cuidados e estratégias que usemos para tornar o sexo cada vez melhor e mais gostoso, não dá pra negar que existem ainda muitos meandros e particularidades que não sabemos explicar.

Talvez esse seja o grande potencial atraente no sexo – não termos total consciência sobre o que sentimos, não entedermos racionalmente o que acontece com nosso corpo e termos que abrir mão do controle para nos entregarmos às sensações e desejos do corpo.

O sexo sempre carrega em si um pouco de mistério e magia e o desconhecido pode acabar nunca sendo desvendado.

O mito dos feromônios, portanto, persiste. E quem sabe nós nem desejemos, de fato, desvendá-lo?!

 

Texto originalmente postado em 30/07/2020 e atualizado em 30/07/2022.

Imagem Destacada por Alejandro Tuzzi via Pixabay

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