Descubra as Caracterizações Sexuais
Há quem diga que a sexualidade fica cada vez mais complicada. Não dá pra dizer que é uma mentira, atualmente, há nome e caracterização para absolutamente tudo. Mas esse é um sintoma de uma pauta que está evoluindo, afinal, nomear as coisas é o primeiro passo para que possamos compreendê-las.
Portanto, vamos descobrir algumas das principais categorizações da sexualidade humana e o que representam?!
Caracterizão Sexual
As caracterizações sexuais nada mais são que termos que compilam padrões do comportamento sexual das pessoas. É completamente insuficiente separar todas as pessoas entre homossexuais e heterossexuais, por exemplo. Sabemos que há muitas outras nuances entre esses dois polos e muitas pessoas que não são completamente compreendidas e identificadas dentro desses 2 conceitos tão amplos.
Caracterizar os padrões sexuais não é sobre criar novos comportamentos, mas sim fornecer às pessoas explicações sobre seus desejos, sentimentos e interesses. A partir disso, conseguimos compreender melhor nossa sexualidade e buscar informações de qualidade a fim de proteger nossa saúde, nosso bem-estar físico e mental e buscarmos orientação sobre como manter nossa conduta sexual dentro da esfera saudável e satisfatória, contribuindo para uma sexualidade equilibrada e uma vida mais plena.
Caracterizações Sexuais Clássicas
Considerando que a principal questão da Caracterização Sexual é fornecer identificação e auto-compreensão sobre a própria sexualidade, os termos mais clássicos não exigem uma explicação muito profunda, uma vez que todos já sabemos o que eles representam, mas para não deixar de citá-los, aqui vão as caracterizações mais clássicas e, também, mais abragentes que temos:
- Heterossexual
- Homossexual
- Bissexual
Basicamente, as três representam a atração sexual pelo gênero oposto, pelo mesmo gênero e por ambos os gêneros, respectivamente.
Até aí, novidade para ninguém. Essas caracterizações nortearam nossa sexualidade por décadas a fio.
Caracterizações Sexuais Complementares
Além das caracterizações clássicas, há outras que fornecem conceitos menos engessados, mais abrangentes e inclusivos. Tais definições fornecem maior fluidez para que as pessoas identifiquem o que estão, de fato, sentindo para além dos conceitos.
Isso significa que não há determinismo – as caracterizações podem se transformar ao longo da vida, podem gerar identificação para determinadas fases, momentos ou situações específicas, não havendo um encaixe perfeito ou eterno. Podem representar estágios de autoconhecimento pelos quais o indivíduo passa enquanto tenta compreender, aprender e nomear suas próprias fantasias e desejos.
Vejamos algumas delas:
- Pansexualidade / Omnissexualidade
Talvez o mais famoso ou polêmico termo do momento. Diferente do que bradam os críticos, não tem nada de muito modernoso no conceito levantado pela pansexualidade – a definição nos leva diretamente a Sigmund Freud, o mais clássico psiquiatra da história já explicava que a sexualidade vai muito além do gênero e está presente em todas as manifestações sociais humanas.
Pessoas que se identificam com o conceito de Pansexualidade ou Omnisexualidade levam a definição de atração ao grau mais amplo possível: o interesse extrapola a ideia de mesmo gênero, gênero oposto ou ambos os gêneros típico das caracterizações clássicas, colocando como fator gerador de atração a pessoa, o indivíduo e todas as suas caraterísticas, expressões e essência, independente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.
Definir-se pansexual é quase como dizer “estou interessade em quem você é, se eu gostar da pessoa que você apresenta, isso pode despertar um interesse sexual”.
“Não penso em alguém sendo um garoto ou uma garota. (…) Estou aberta a tudo que envolva consentimento, que não envolva um animal e desde que todos sejam maiores de idade.”
Miley Cyrus
- Demissexualidade
Depois de compreender o conceito de Pansexualidade / Omnissexualidade, fica mais fácil também compreender a Demissexualidade.
Uma vez que a atração ou interesse sexual não venha mais, necessariamente, da identidade de gênero ou da orientação sexual do outro, mas sim da sua essência enquanto ser humano, enquanto pessoa, é possível que a atração sexual venha, então, a partir de um vínculo com o outro, seja ele romântico / amoroso / afetivo ou não.
Isso não significa que a pessoa só tem desejo sexual quando está dentro de um relacionamento ou profundamente apaixonada, mas sim que ela não sente atração sexual por pessoas desconhecidas, não é estimulada por interesses puramente físicos ou sexuais. Pessoas demisseuxais necessitam ter um contato mais profundo com a pessoa, conhecendo-o minimamente até que o indivíduo desperte nela uma atração sexual.
Em outras palavras, a imagem da pessoa, a aparência física sozinha não é suficiente para gerar uma tensão sexual no ser demissexual, é preciso estabelecer minimamente uma compatibilidade intelectual, psicológica ou emocional entre as pessoas até que o demissexual comece a se sentir sexualmente atraíde pelo outro.
Nesse caso, a conexão entre as pessoas vem antes dos estímulos físicos.
- Sapiossexual
Seguindo a linha Demissexual, a qual propõe que o interesse sexual seja oriundo de aspectos não-físicos, a sapiossexualidade propõe algo similar, mas mais específico: o estímulo não é emocional, afetivo ou psicológico, mas diretamente engatilhado pela inteligência, pela intelectualidade do indivíduo.
Pessoas sapiossexuais não sentem atração sexual pela beleza da pessoa, por afinidades pessoais ou por uma personalidade interessante, carinhosa, atenciosa e agradável, como os demissexuais, mas apenas quando estão defronte a pessoas que considerem inteligentes, cultas, ou intelectualmente estimulantes.
Para os sapiossexuais, é a admiração intelectual que desperta a atração sexual.
Sexualidade Fluída
A partir desses exemplos de caracterizações sexuais, fica claro como o conceito principal que temos a compreender é o da fluidez.
Cada vez mais encontramos pessoas lidando com naturalidade com a ideia de mudança, de transformação e isso diz respeito também à sexualidade. Não é mais entendido como uma obrigação manter a mesma postura, a mesma bandeira e as mesmas opiniões e necessidades o tempo todo, mesmo porque a vida é vivida através de diferentes fases e cada uma traz suas necessidades e interesses característicos.
Você pode reconhecer em si estímulos sexuais diferentes ao longo da vida e nao há problema em mudar as suas preferências. É basicamente essa a ideia da Sexualidade Fluída, conceito abordado por diferentes personagens especialistas em sexualidade como Rich Savin-Williams, diretor do departamento de sexo e gênero da Universidade Cornell e Mike Maxim, um dos responsáveis pelo OkCupid, por exemplo.
Essa percepção é muito mais abragente entre os mais jovens, mas muitos adultos bem crescidinhos também já começam a experienciar a sexualidade de uma perspectiva mais inclusiva, ampla e diversa.
A mensagem final é certeira: para compreender a sexualidade, é preciso estar munido de informação e aceitação. Se você quiser ter uma sexualidade saudável e satisfatória é preciso buscar por autoconhecimento e liberdade e, mais que tudo, estar aberto a quebrar os antigos tabus que limitam o sexo e o tornam um desafio, quando não uma ameaça.
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Imagem Destacada por Mahrael Boutros via Unsplash